sábado, 27 de julho de 2019

António Lobo Antunes













imagem retirada de  dererummundi.blogspot

As coisas aparecem de onde menos se espera!

E esta tinha até passado despercebida. 


Poucos leram EL PAÍS de 19 de Setembro de 2015 e não sei a repercussão que a coisa teve por cá e por essas alturas.

Para melhor compreensão  AQUI VAI
 https://elpais.com/cultura/2015/09/18/actualidad/1442599830_647238.html

Na entrevista que Melo Antunes aí dá ao PAIS vizinho começa por afirmar que: 

“Mis libros nacen de la basura”

Efectivamente!!! - Diria eu!

Mas destaco desse entrevista esta preciosidade;

Pregunta. Gracias por recibirnos en su casa de Lisboa, la ciudad de Pessoa.
Respuesta. No soy un admirador de Pessoa.
P. ¡Hombre! El libro del desasosiego…
R. El libro del no sé qué me aburre de muerte. La poesía del heterónimo Álvaro de Campos es una copia de Walt Whitman; la de Ricardo Reis, de Virgilio. Me pregunto si un hombre que jamás ha follado puede ser buen escritor
Isto seria apenas hilariante se o fora dito à mesa dum café entre amigos e já bêbados!
Mas não! Trata-se de uma entrevista a  

"El eterno candidato portugués al Nobel"


Mas a tal coisa voltou à baila muito recentemente pois
no Jornal de Letras”  do dia 1 de Fevereiro de 2019 terá sido publicado os seguintes comentários de Eugénio Lisboa ao desarrincanço de Melo Antunes

Mas logo em Outubro de 2015 surgiram os comentários de Eugénio Lisboa que podem ser lidos em.

To fuck, or not to fuck: that is the question


O ratio literacia/iliteracia é constante, mas, nos nossos dias, os iletrados sabem ler e escrever”. Alberto Moravia
 Peço, desde já, que me perdoem o tom desenfastiado desta prosa,
 a começar pelo título: paráfrase libertina de um solilóquio célebre. Vou usar, como verão, vocábulos desataviados ou mesmo crus: o culpado disto tudo é o escritor António Lobo Antunes que, numa entrevista recente – das muitas que ele não gosta de dar mas vai dando – sugeriu o mote, ao afirmar o seguinte, referindo-se a Fernando Pessoa:  “Eu me pergunto se um homem que nunca fodeu pode ser um bom escritor.”

Não é a primeira vez que o autor de Memória de Elefante nos serve este mimo. Provavelmente, ao tê-la, gostou tanto da ideia, que não se cansa de no-la servir, faça chuva ou faça sol. Reajo a ela, não tanto pela crueza vicentina do tom (e do glossário), como pelo facto de me não parecer cientificamente sustentável.

E, neste ponto, faço apelo ao que, de ciência, ainda reste na cabeça do outrora psiquiatra Lobo Antunes. Antunes propõe, em suma, que a falta de tesão de Pessoa não é compatível com o equipamento profissional de um bom escritor, ou, de maneira menos crua: 
- a castidade não leva à criação poderosa.

Ora bem: quando se põe, em ciência, uma hipótese de trabalho, esta só se mantém de pé, até ao preciso momento em que um novo facto conhecido a vem desmentir (ou falsificar, como diria Popper). Pois o que não faltam são factos que perturbam, abanam e fazem desmoronar a atrevida asserção de Lobo Antunes – os tais factos que Ronald Reagan apelidava de “estúpidos”, porque contrariavam as suas fantasias primárias.

Isaac Newton, incontestavelmente o maior cientista de todos os tempos, morreu virgem ou, se Lobo Antunes assim preferir, não consta que alguma vez tenha fodido – o que não o impediu de sondar, como ninguém, os enigmas do universo. Também não creio que um dos maiores artistas e inventor prodigioso de artefactos tecnológicos – Leonardo da Vinci – tenha fodido por aí além. 

Estes dois exemplos, só por si, bastariam para foder irremediavelmente a hipótese científica do ex-aprendiz de psiquiatra doublé de ficcionista, que dá pelo nome de Lobo Antunes. É certo que nenhum destes personagens que citei é, exactamente, um escritor e Lobo Antunes referiu-se apenas à incapacidade de um casto escrever boa literatura.

Vejamos, então, do lado dos escritores. Os exemplos – os tais factos “estúpidos” – não faltam. Henry James, por exemplo, não consta que alguma vez tenha ido para a cama, com menina ou menino. Walpole bem quis, um dia, seduzi-lo para o seu leito (desconfiado que andava de tanta reticência mais própria de solteirona ressequida), mas o autor de Portrait of a Lady recuou. Houve até uma mulher que se suicidou por ele a ter rejeitado ou não ter descodificado bem os passes que ela lhe andava a fazer, mas nada o levaria a fazer aquilo que Lobo Antunes considera fundamental para uma fecunda vida literária: foder, nem que seja só um bocado.

James deixou uma obra monumental e Graham Greene só se lhe referia, chamando-lhe, com uma vénia, “the Master”, mas Lobo Antunes é de opinião que a obra do grande ficcionista americano ficou completamente fodida por o seu autor não ter fodido.

Jane Austen, que conseguiu o milagre de agradar simultaneamente ao grande público, aos cineastas e aos “high-brows” universitários, também não fodeu. Viveu solteira e virgem e produziu, no meio da mais impertinente castidade, uma meia dúzia de obras-primas. Assim ajudando a foder consideravelmente a hipótese antunesina.

 John Ruskin, que tão bem escreveu sobre arte, merecendo até a glória de ser traduzido para francês por Marcel Proust – que Lobo Antunes tanto e com tal exclusividade admira! – também não chegou a foder, embora tenha tentado: na noite de núpcias, os pelos púbicos da noiva – coisa que, pelos vistos, nunca tinha contemplado – de tal forma o horrorizaram, que deixou a pobre rapariga intacta e nunca mais repetiu a tentativa. Fodido, não é?

A poetisa americana Emily Dickinson ficou igualmente para tia, o que justifica, segundo Antunes, uma reavaliação da sua poesia, à luz de tanto não foder.

Por outro lado, Edgar Poe, o da literatura policial – com o inesquecível Dupin, ínclito precursor de Sherlock Holmes – mas também o mago da literatura fantástica e de horror – que Baudelaire admiravelmente traduziu – e o poeta romântico que Pessoa verteu para português, Poe, dizia eu, cometeu o que Antunes classificaria como o mais hediondo dos crimes: casou com a priminha de 13 anos, Virginia Clemm, sem ter chegado, porém, a fodê-la. Nem a ela nem a nenhuma outra, que se saiba.

O grande poeta Gerard Manley Hopkins, padre, ficou também casto (não sei se por ser padre, mas a verdade é que ficou), o que obrigará, em breve, a organizar-se todo um colóquio douto, para reavaliação da sua obra: quem esforçadamente não fode, escrever bem não pode, garante Antunes a quem o queira ouvir.

Também o emérito Yeats, um dos grandes da poesia do século XX, permaneceu casto até aos trintas e, durante este período de espartano “no fucking”, escreveu e publicou bastante poesia.

E, já agora, para terminar, desconfio bem que o nosso ternurento António Nobre, precursor indiscutível da nossa poesia moderna e “a nossa maior poetisa”, segundo a perfídia mansa do grande Pascoaes, também não era particularmente dado às fornicações que Antunes considera fundamentais ao acto da escrita.

Por fim, ainda na referida entrevista, o autor de Os Cus de Judas dá a Virgílio o que é de Horácio, quando alude desastradamente às odes de Ricardo Reis: assim fode, sem apelo nem agravo, a erudição vigente. É caso de se dizer que, se quem não fode escrever não pode, não é menos certo que quem pouco manuseia o antigo não logra ver além do postigo.

Abrégé do texto acima, com tese (minha): quando se trata de escrever, tanto faz foder como não foder. O importante é ter que dizer e saber o modo de o fazer. Simples?

 Eu diria mesmo mais: fodidamente elementar, meu caro Watson!
Eugénio Lisboa  (...)".
.
Comentários meus. 

- Isto seria digno da GENTE QUE NÃO SABE ESTAR do RAP.


No entanto uma dúvida me assalta na minha pouca humilde pretensão de um dia vir a ser um GRANDE ESCRITOR.

- E  SE LEVAR NO CÚ, SENHOR LOBO ANTUNES???

- SERÁ CONDIÇÃO NECESSÁRIA E SUFICIENTE PARA QUE     FIQUE NA HISTÓRIA DA LITERATURA???

Cheio de ânsias assinado
tone do moleiro Novo

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