quinta-feira, 26 de maio de 2016

ESTIVADORES

Recebi via mail o seguinte texto:


Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto
Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Por Luísa Meireles

Redatora Principal  25 de Maio de 2016

Chamam-lhe "A ira da estiva"

E é por aqui que começo, porque de vez em quando há que parar para pensar: até onde podem ou devem ir os trabalhadores no exercício democrático do direito à greve? É ele absoluto? Com certeza que não. Mas deve ser exercido? Sem dúvida, quando há interesses vitais que estão em jogo, por isso é a última forma de luta. Dos trabalhadores, em primeiro lugar, mas também do país. A questão é recorrente, e às vezes até tem contornos filosóficos. Mas não vou por aí.
Esta greve dos estivadores de Lisboa que afeta o porto da capital há 35 (36) dias (alargada aos portos de Setúbal e da Figueira da Foz) provoca 300 mil euros de prejuízos por dia ao país. Os trabalhadores queixam-se que há quem esteja a ser contratado ao dia, que os patrões querem tornar os vínculos precários, que os salários estão em atraso; os operadores que já não podem ceder nem perder mais e encetaram os procedimentos para um despedimento coletivo. Mas então é esta a única alternativa: ou greve ou despedimento coletivo? O João Palma-Ferreira, a quem roubei o título da prosa, explica o que se passa e que está a provocar uma dramática falta de medicamentos na Madeira, que já teve que recorrer à Força Aérea para se abastecer. Os contentores que estavam por descarregar foram ontem transportados do porto de Lisboa sob vigilância policial.

A greve, entretanto, já se tornou um problema político para o Governo. A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, afirma, salomónica, que a razão não está só de um lado, e que tentou conciliar patrões e empregados (e é verdade). Em vão. Avisou: “É um conflito social entre privados, mas afeta-nos, público, porque afeta a economia nacional. Chegou a ser assinado um acordo de paz social. Agora chegou a altura de decidir: ou mantemos os privilégios de alguns ou mantemos o emprego dos milhares de pessoas que vivem direta ou indiretamente do porto”. Veja aqui também. Mas o Bloco de Esquerda e o PCP não alinham pela mesma bitola e querem que o Governo interceda pelos trabalhadores. O assunto é para seguir de perto. Por ambas as razões: económicas e políticas."
Fim de citação
 
Respondi pela mesma via o seguinte:

lopesdareosa . lopesdareosa@gmail.com

16:17 (Há 24 minutos)
para Expresso
 
Há lodo no Cais

Magnífica peça a do que respeita aos estivadores.
Se assim é e tanto mal advém para o País porque é que não se atenta nas razões da greve???
Parece que há um outro lado. Ou pelo menos o lado de dentro do espelho!
Ver
 
Cmpts
Tone do Moleiro Novo

E das Flores no Cais retiro o seguinte:

Carta aberta das mulheres dos estivadores a António Costa

  Senhor primeiro-ministro António Costa:
 O senhor foi eleito para nos representar. Os nossos maridos estão a lutar contra o dumping social, que se deixássemos nos ia colocar na miséria, a estender a mão ao Estado e à segurança social a pedir comida para os nossos filhos. Queremos viver do trabalho e não de mão estendida a pedir esmolas ao Estado que o senhor diz ser solidário. Solidariedade é o que gostaríamos de ter aqui do seu Governo e da maioria que o apoia, revogando a lei que permite que o Porto de Lisboa seja um negócio para intermediários, chicos espertos que todos os dias nos dizem que há um problema nos mercados, nas bolsas. A única bolsa que temos é a nossa carteira e queremos lá dentro o nosso salário. Não o vimos aqui no porto, porto público, que o senhor autoriza que seja concessionado a privados. Não compreendemos por que é que o porto, uma faixa de terra de todos nós, é concessionado a empresas privadas que todos os anos dão milhões de euros de lucro. Convidamo-lo a vir ao porto, a nossas casas, conhecer as nossas famílias, ouvir-nos para que lhe possamos contar pessoalmente as nossas vidas.
Os nossos maridos trabalham não raras vezes 80 horas semanais. Nunca, em momento algum, ganharam mais do que 12.20 euros à hora brutos. O salário normal é 8 euros à hora brutos. O senhor vive com isso? Há sete homens no porto que estão no escalão máximo de 12 euros, todos os outros ganham menos. Quando abrimos a televisão e ouvimos dizer que ganham 5 mil euros pensamos que estamos num talk show de baixa qualidade.
Somos nós que assumimos todo o trabalho doméstico.
Somos casadas e “mães solteiras”. Porque os nossos filhos não veem os pais. Os pais quando vêm a casa estão exaustos, sem força para nada. Ao fim de semana, sozinhas sempre – porque os turnos não param – não temos força para nos levantar e levar as crianças a passear. O tempo que nos sobra é para limpar e arrumar a casa sozinhas – claro, se eles estão 80 horas no porto quem o faz?
Diga-nos para onde vai o dinheiro destas 80 horas de trabalho? É que para as nossas casas não é. Muitas de nós estão desempregadas, nem conseguem encontrar trabalho porque os horários não o permitem; outras ganhamos o ordenado mínimo – uma vergonha de ordenado. Queremos que ouça os nossos relatos de como gerimos uma família assim e reiteramos o convite para vir ao porto, a nossas casas, conhecer as nossas famílias, e ouvir-nos para que lhe possamos contar pessoalmente as nossas vidas.
Não queremos sobreviver, queremos viver!
Grupo Há Flores no Cais!
Mulheres de estivadores em apoio à greve
fim de citação

OU SEJA: É fácil falar nas consequências da greve. Mas dá muito trabalho saber das causas.

E se a greve é para não fazer mossa proponho-me eu, reformado, substituir-me a todos os que fazem greve assumindo as suas razões!

- Será que as digníssimas autoridades levariam então em conta as razões da greve???

Ora bolas! Farto de sendeiros estou eu!

Tone do Moleiro Novo

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