Mas é!
Tencionava fazer um resumo da situação quando deparei no JN de hoje com um texto de Rui Sá onde está lá tudo ou quase tudo! Aqui vai:
Há sete meses (10/10), concluía do seguinte modo a
crónica que aqui publiquei: "Vai daí o desejo de Moreira: o PS apresenta a
sua própria lista, segurando parte do seu eleitorado (impedindo que o mesmo,
órfão de candidatura, se transfira para a Esquerda) e permitindo a sua
afirmação à Direita. E, após as eleições, novo acordo de governação [com o
PS]".
O que não previa é que o divórcio fosse tão
"feio", apesar das palavras doces que o pontuaram... Rui Moreira
procurou sair por cima, afirmando a sua "independência" e a
"coragem" de rejeitar o apoio do PS a bem dos "princípios".
Tudo mensagens positivas para si próprio. O problema é que temos memória. É
que, para Rui Moreira, o que estava em causa não era a sua independência, nem
sequer a constituição das listas. O seu problema, como aqui escrevi em outubro,
é que um apoio do PS e o envolvimento na lista do líder da Distrital do PS no
Porto, ainda por cima com Governo PS sustentado à Esquerda, criava anticorpos
no seu eleitorado tradicional - a Direita -, para mais numa altura em que se
zangou com Rui Rio, que foi o seu mentor e principal sustentáculo há quatro
anos. É que Moreira pode, agora, clamar que o seu número dois será um
"independente", mas há quatro anos esse número dois foi um dirigente
do CDS. E não podemos esquecer que Portas, na noite das eleições, disse que
"a vitória de Rui Moreira é também vitória do CDS/PP". Ou que Daniel
Bessa, presidente da Assembleia Municipal do Porto eleito nas listas de
Moreira, se demitiu afirmando que "há CDS a mais na Câmara do
Porto!". Rejeitou Rui Moreira o apoio do CDS? Não! O que demonstra que o
problema não são as "interferências" do PS, mas sim o seu calculismo
político... Ficou, no entanto, a conhecer-se uma nova faceta de Rui Moreira:
não lhe custa "queimar" os seus amigos (como Pizarro) quando estão em
causa os seus interesses.
Quanto a Pizarro, e utilizando uma metáfora como a que
ele usou ("mais vale uma boa amizade do que um casamento em que uma das
partes não está interessada"), espero que tenha percebido que a paixão
assolapada que dedicou a Moreira o transformou em vítima permanente de
maus-tratos. Tudo lhe perdoando, embevecido: o desrespeito por Carla Miranda e
as sucessivas desconsiderações de Correia Fernandes, ambos eleitos pelo PS; e a
suprema humilhação de, para casar, ter de abdicar do seu programa eleitoral,
comprometendo-se a cumprir o programa eleitoral de Moreira! Como todos os casos
de violência familiar, só podia acabar mal, e este pontapé no rabo a quem tão a
jeito se colocou é o corolário lógico de tanto rebaixamento.
Pizarro que, notoriamente, e por tudo o que se passou
nestes quatro anos, não é o melhor candidato para o PS. Mas que Costa castigou:
"Já que nos meteste nesta alhada, agora desenrasca-te!"... Na certeza
de que, em outubro, será o cordeiro sacrificado...
Até lá, continuará a cumprir o programa de Moreira?!
Para, cá fora, dizer que é alternativa? Há limites para a vergonha.”
No entanto não resisto em concluir que Moreira só estava à espera de uma nesga no curral para dar um coice no PS e em Pizarro. Ela surgiu com as as afirmações mais que triviais da secretária-geral-adjunta socialista, Ana Catarina Mendes, ao dizer que "todas as vitórias dos candidatos do PS e das listas que o PS integra serão vitória dos socialistas." e que o PS teria uma forte representação na lista de Rui Moreira!
Em politica os apoios negoceiam-se! Depois os partidos defendem princípios perenes e não podem estar sujeitos a efémeros independentes ou a independentes efémeros.
Por fim que a coisa sirva de lição ao PS e ao desgraçado do Pizarro cuja canina dedicação ao Moreira foi saldada com a mais inqualificável das pagas. O mesmo Pizarro que celebrou em 2013 a vitória de Moreira como se a do PS se tratasse. E isto sem qualquer rejeição do Moreira! Que eu me lembre!
Tone do Moleiro Novo
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