quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

PARADIGMA

Ver em http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=61617&visual=3&layout=10

Em 5 de Maio de 2008

O Presidente da República disse hoje aos Reis da Suécia que Portugal está "envolvido numa profunda alteração do seu paradigma de desenvolvimento", que impõe uma aposta decisiva na qualificação das pessoas, inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável.
Cavaco Silva diz que Portugal está "envolvido em profunda alteração" do seu paradigma de desenvolvimento.Cavaco Silva considerou que se trata de
"um rumo que obriga a reformas de grande alcance, que a estabilidade política favorece".
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COMENTÁRIO


Mãe do Céu! Isto em 2008! E já então era necessário alterar o paradigma!
- Porquê? O anterior não servia?
Um dia ainda vamos todos andar atrás do pai do paradigma como andamos atrás dos progenitores do monstro.
Mas do que estava convencido é de que todas as reformas, ou quase todas, de grande alcance, que a estabilidade política de duas maiorias absolutas favoreceu, tinham sido feitas. Li isso num livro.
Como do Godot vou esperar pelas reformas e pela alteração do paradigma!


No entretanto e por isso mesmo, não voto em Cavaco!


António Alves Barros Lopes
AFIFE

O CORRIDINHO NÃO É A MESMA COISA QUE A CHULADA DE CARVALHO DE REI

Devem-me dinheiro

em http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2010/11/devem-me-dinheiro.html#tp

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José Sócrates em 2001 prometeu que não ia aumentar os impostos. E aumentou. Deve-me dinheiro. António Mexia da EDP comprou uma sinecura para Manuel Pinho em Nova Iorque. Deve-me o dinheiro da sinecura de Pinho. E dos três milhões de bónus que recebeu. E da taxa da RTP na conta da luz. Deve-me a mim e a Francisco C. que perdeu este mês um dos quatro empregos de uma loja de ferragens na Ajuda onde eu ia e que fechou. E perderam-se quatro empregos. Por causa dos bónus de Mexia. E da sinecura de Pinho. E das taxas da RTP. Aníbal Cavaco Silva e a família devem-me dinheiro. Pelas acções da SLN que tiveram um lucro pago pelo BPN de 147,5 %. Num ano. Manuel Dias Loureiro deve-me dinheiro. Porque comprou por milhões coisas que desapareceram na SLN e o BPN pagou depois. E eu pago pelo BPN agora. Logo, eu pago as compras de Dias Loureiro. E pago pelos 147,5 das acções dos Silva. Cavaco Silva deve-me muito dinheiro. Por ter acabado com a minha frota pesqueira em Peniche e Sesimbra e Lagos e Tavira e Viana do Castelo. Antes, à noite, viam-se milhares de luzes de traineiras. Agora, no escuro, eu como a Pescanova que chega de Vigo. Por isso Cavaco deve-me mais robalos do que Godinho alguma vez deu a Vara. Deve-me por ter vendido a ponte que Salazar me deixou e que eu agora pago à Mota Engil. António Guterres deve-me dinheiro porque vendeu a EDP. E agora a EDP compra cursos em Nova Iorque para Manuel Pinho. E cobra a electricidade mais cara da Europa. Porque inclui a taxa da RTP para os ordenados e bónus da RTP. E para o bónus de Mexia. A PT deve-me dinheiro. Porque não paga impostos sobre tudo o que ganha. E eu pago. Eu e a D. Isabel que vive na Cova da Moura e limpa três escritórios pelo mínimo dos ordenados. E paga Impostos sobre tudo o que ganha. E ficou sem abonos de família. E a PT não paga os impostos que deve e tenta comprar a estação de TV que diz mal do Primeiro-ministro. Rui Pedro Soares da PT deve-me o dinheiro que usou para pagar a Figo o ménage com Sócrates nas eleições. E o que gastou a comprar a TVI. Mário Lino deve-me pelos lixos e robalos de Godinho. E pelo que pagou pelos estudos de aeroportos onde não se vai voar. E de comboios em que não se vai andar. E pelas pontes que projectou e que nunca ligarão nada. Teixeira dos Santos deve-me dinheiro porque em 2008 me disse que as contas do Estado estavam sãs. E estavam doentes. Muito. E não há cura para as contas deste Estado. Os jornalistas que têm casas da Câmara devem-me o dinheiro das rendas. E os arquitectos também. E os médicos e todos aqueles que deviam pagar rendas e prestações e vivem em casas da Câmara, devem-me dinheiro. Os que construíram dez estádios de futebol devem-me o custo de dez estádios de futebol. Os que não trabalham porque não querem e recebem subsídios porque querem, devem-me dinheiro. Devem-me tanto como os que não pagam renda de casa e deviam pagar. Jornalistas, médicos, economistas, advogados e arquitectos deviam ter vergonha na cara e pagar rendas de casa. Porque o resto do país paga. E eles não pagam. E não têm vergonha de me dever dinheiro. Nem eles nem Pedro Silva Pereira que deve dinheiro à natureza pela alteração da Zona de Protecção Especial de Alcochete. Porque o Freeport foi feito à custa de robalos e matou flamingos. E agora para pagar o que devem aos flamingos e ao país vão vendendo Portugal aos chineses. Mas eles não nos dão robalos suficientes apesar de nos termos esquecido de Tien Amen e da Birmânia e do Prémio Nobel e do Google censurado. Apesar de censurarmos, também, a manifestação da Amnistia, não nos dão robalos. Ensinam-nos a pescar dando-nos dinheiro a conta gotas para ir a uma loja chinesa comprar canas de pesca e isco de plástico e tentar a sorte com tainhas. À borda do Tejo. Mas pesca-se pouca tainha porque o Tejo vem sujo. De Alcochete. Por isso devem-me dinheiro. A mim e aos 600 mil que ficaram desempregados e aos 600 mil que ainda vão ficar sem trabalho. E à D. Isabel que vai a esta hora da noite ou do dia na limpeza de mais um escritório. Normalmente limpa três. E duas vezes por semana vai ao Banco Alimentar. E se está perto vai a um refeitório das Misericórdias. À Sexta come muito. Porque Sábado e Domingo estão fechados. E quando está doente vai para o centro de saúde às 4 da manhã. E limpa menos um escritório. E nessa altura ganha menos que o ordenado mínimo. Por isso devem-nos muito dinheiro. E não adianta contratar o Cobrador do Fraque. Eles não têm vergonha nenhuma. Vai ser preciso mais para pagarem. Muito mais. Já.
Mário Crespo   
Penthouse 10.11.10

COMENTÁRIO
Que me perdoem os de Amarante. Carvalho de Rei, São Simão, Santo André, Jazente e tantos outros. Nas chuladas havia dignidade.
Na chulice é que não há nenhuma! E é intrínseco. Como a pescada de rabo na boca. Não há chulice com dignidade nem dignidade com chulice.
Mas quem é que aqui nos trouxe?
Não haveria outros caminhos?
Não haveria outros destinos?
Não haveria (haverá?) por aí um recanto mais decente? 
AH! Grande Mário Crespo!
Que nunca os dedos lhe doam. Que nunca a caneta se entorte!
E se isso acontecer, use o computador. Fala quem sabe. Estou a fazê-lo agora!

E é por muitas destas que não voto em Cavaco.

António Alves Barros Lopes
Afife



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AH! O MAR, AS PESCAS, O OCEANO!

  

Cavaco desvaloriza TGV e aconselha aposta no mar

Carlos Caldeira  
21/09/10 11:10 em

Cavaco quer Portugal virado para o mar.
Cavaco quer Portugal virado para o mar.
O Presidente da República mostrou-se preocupado com o "alheamento de Portugal relativamente à exploração do mar".
Cavaco Silva chamou hoje a atenção para o facto de Portugal ser um país marítimo, mas que "não consegue ver o mar como um importante recurso, criador de rendimento e riqueza". O Presidente falava na sessão de abertura do "Congresso Portos e Transportes Marítimos", promovido pela Associação Comercial de Lisboa, no Centro de Congressos da FIL.
"Espanta muitos, dada a importância estratégica dos nossos portos, que possamos discutir meses e anos a fio o TGV ou o novo aeroporto de Lisboa sem que paremos um pouco para pensar nos portos do futuro", afirmou o Presidente da República.

Cavaco Silva mostrou-se "inquieto" pelo "alheamento de Portugal relativamente à exploração do mar", realçando que tem "insistido na ideia de que o mar deve tornar-se uma verdadeira prioridade da agenda da agenda política nacional".
E alertou: "um país que não consegue explorar sustentavelmente os seus recursos naturais é um país que tem um futuro limitado e que se arrisca a acabar por ver esses recursos serem explorados por terceiros".
O Presidente da República realçou que, de acordo com estudos efectuados pela Comissão Europeia, nos sectores marítimos tradicionais, isto é, nos transportes, portos e construção naval, Portugal gera um valor que é mais de três vezes inferior ao valor gerado pela Bélgica, um país que tem apenas 98 quilómetros de costa e gera, igualmente, três vezes menos emprego do que a Grécia.
Mas, Cavaco Silva reforçou que não pode existir um ‘cluster' do mar em Portugal se, no seu núcleo, "não existir um forte sector portuário e de transportes marítimos", realçando que "por incrível que pareça, Portugal chegou a um ponto em que, descontando o tráfego com as ilhas, deixou de possuir uma frota de marinha mercante".
Unquote

Sobre o mesmo assunto enviei em 25 de Outubro de 2010 ao Semanário  Expresso cartas@expresso.impresa.pt o seguinte mail.
Meus Senhores

Na Revista Única deste último 23 de Outubro há dois títulos deveras complementares;
"O mar: uma prioridade nacional", pag. 22, de Anibal Cavaco Silva e.
" Que grande lata", Pag.58, de Alexandra Simões de Abreu

Ora foi Saramago que melhor sintetizou Cavaco. - O rei das banalidades!

E pergunto;
- Porque é que Cavaco não se lembrou disso, do mar, enquanto Primeiro Ministro?

Sobre este mesmo assunto ver um texto de Gonçalo Fagundes Meira publicado na A AURORA DO LIMA em 22 último.

Quote
"O ABANDONO DO MAR

Cavaco Silva, o nosso Presidente, anda preocupado com a forma como desprezamos o mar e demonstramos não saber explorar os seus recursos. É uma preocupação que se compreende e aplaude. O imenso mar de que dispomos - uma superfície de cerca de 1.683.000 km2 – desde que convenientemente explorado, no domínio dos transportes, recursos alimentares e energéticos e matérias-primas, podia proporcionar-nos vantagens económicas de vulto, tanto mais que somos um país profundamente carecido de riquezas naturais.

O Senhor Presidente da República afirmou recentemente, no congresso sobre portos e transportes marítimos, organizado pela Associação Comercial de Lisboa que, de acordo com estudos efectuados pela comissão europeia, os sectores marítimos tradicionais portugueses, isto é, os transportes, portos e construção naval geram um valor que é mais de três vezes inferior ao valor gerado pela Bélgica, um país que tem apenas 98km de costa. A Espanha, outro exemplo, no seu cluster marítimo gera sete vezes mais valor do que Portugal; e a Dinamarca, um país de população inferior à nossa, produz seis vezes mais valor e três vezes mais emprego nos sectores marítimos.
Nenhum cidadão minimamente informado desconhece que, irresponsavelmente, o mar, desde há muito tempo, deixou de ser prioridade para quem nos governa. O desvario começou nos anos 1970 e nunca mais parou. E Cavaco Silva também nos governou durante 10 longos anos (1985/1995). E no seu extenso período de governação a prioridade também não foi para o mar. Com ele como primeiro-ministro o país esteve submetido à política do betão. Era ver o seu ministro das obras públicas, o senhor Ferreira do Amaral, sempre azafamado, a pagar fortunas aos empreiteiros para concluir atempadamente, ou antecipar, auto-estradas, no sentido de promover folclóricas inaugurações, que alimentavam uma falsa modernidade do país, a denominada economia de sucesso. No tempo de Cavaco Silva o mar foi tão ou mais esquecido que na vigência de outros governos. No tempo de Cavaco Silva o que estava a dar era o novo-riquismo, com a promoção desenfreada do consumismo e da aposta na bolsa, a política do betão do Senhor Ferreira do Amaral e a política da eucaliptização do Senhor Mira Amaral, o governante que nos falava do eucalipto como sendo o nosso petróleo verde.
O que alguma gente pensa é que todos temos memória curta. Em 1993, já nos estertores do cavaquismo, os trabalhadores da indústria naval, a partir de um estudo do seu grupo técnico, no qual também estive inserido, denunciavam a política suicida de completo abandono do mar, por parte dos sucessivos governos, com grande destaque para o de Cavaco Silva. Afirmava-se então que, nos últimos quinze anos, Portugal tinha perdido mais de 50% da sua frota mercante. Àquela data, Portugal dispunha apenas de 62 navios, 45 deles com mais de 10 anos e 17 com mais de 20. Por outro lado, o país tinha dispendido em fretes e afretamentos, só no período 1981/1989, cerca de 700 milhões de contos (3.500 milhões de euros). Entretanto, no período 1979/1993, a indústria naval portuguesa já tinha perdido mais de 15.000 postos de trabalho, com os estaleiros a fecharem portas, especialmente na região de Setúbal, ou a reduzir efectivos, por falta de encomendas de navios.
Mas se as políticas adoptadas em relação ao transporte marítimo e à frota mercante foram desastradas, não o foram menos para outros sectores da actividade marítima. No domínio das pescas, assistiu-se a uma capitulação vergonhosa perante as exigências da Comunidade Económica Europeia, com o abate de barcos, muitos deles em excelente estado de operacionalidade, embarcações dotadas de condições para pescar no mar durante largos dias, a troco de algum dinheiro, que foi importante para alguns pescadores em idade avançada, mas que atirou com muitos outros para situações de grande precariedade, e reduziu brutalmente as quantidades de peixe pescado. Alguns números ilustram bem esta evidência. Na década 1990/2000, já com o slogan da economia de sucesso a esboroar-se, o nosso volume de pesca passou de 319.000 toneladas para 150.000, a frota pesqueira reduziu-se de 16.000 embarcações para 10.750 e o número de pescadores matriculados diminuiu, no mesmo período, de 41.000 para 25.000. Ainda durante esta década, a indústria conserveira viu a sua capacidade de produção reduzida em mais de 60%.
O ditado é velho: contra factos não há argumentos. Basta alguma informação, não muito exaustiva, para por a nu a política funesta que foi praticada em relação ao mar em Portugal, por toda esta gente que nos governou. Indiferentes aos protestos daqueles que apenas pretendiam trabalhar e defender a economia do país, eles foram-se encarregando de, em boa medida, anular áreas económicas (o mar, a agricultura, a industria, etc.) fundamentais para a nossa independência em relação ao exterior.
O Presidente da República não foi eleito com o meu voto, nem o receberá quando de novo se candidatar. Tenho, no entanto, o conveniente respeito pela função que vem desempenhando e pelo seu trabalho, que, salvo em algumas situações pontuais, se tem pautado pelo equilíbrio e pela sobriedade. Era bom, porém, que não escamoteasse responsabilidades em relação à situação de desastre e penúria com que o país se defronta e a opções que não foram feitas. Fica-lhe bem incentivar e alertar para os prejuízos que resultam do nosso abandono do mar, tal como aconteceu com outros segmentos da nossa economia, mas, ao mesmo tempo, não deve esquecer os crimes de governação que foram cometidos, em relação aos quais não está imune.



Caixas

Nenhum cidadão minimamente informado desconhece que, irresponsavelmente, o mar, desde há muito tempo, deixou de ser prioridade para quem nos governa. O desvario começou nos anos 1970 e nunca mais parou

No tempo de Cavaco Silva o mar foi tão ou mais esquecido que na vigência de outros governos

No período 1979/1993, a indústria naval portuguesa já tinha perdido mais de 15.000 postos de trabalho

Na década 1990/2000, já com o slogan da economia de sucesso a esboroar-se, o nosso volume de pesca passou de 319.000 toneladas para 150.000, a frota pesqueira reduziu-se de 16.000 embarcações para 10.750 e o número de pescadores matriculados diminuiu, no mesmo período, de 41.000 para 25.000
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Ou seja certas intervenções mesmo vindas do Nosso Presidente da República sabem a oco desde que proferidas por  Aníbal Cavaco Silva.

Cumprimentos

António Alves Barros Lopes
Afife

COMENTÁRIO

Por que raio é que hei-de votar em Cavaco ?

O REI BANALIDADES

Alguém, já não me lembro quem, disse um dia que Cavaco era o rei das banalidades.
Fora das suas atribuições constitucionais (algumas vezes dentro delas) e sempre que o Presidente da República se pronuncia sobre os mais diversos aspectos da vida política, social e económica do reino, tudo soa a oco desde que seja Cavaco a fazê-lo.
A cada intervenção dessas, e nalgumas das outras, o céu cai-lhe na cabeça!
Vou entreter-me na colecção durante esta campanha eleitoral.
Com alguns comentários pelo meio.

DEVEMOS TER VERGONHA DE HAVER FOME EM PORTUGAL


Cavaco Silva diz que devemos ter vergonha de haver fome em Portugal


Ver em http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1732254&tag=Pol%EDtica

"O Presidente da República diz que devemos ter vergonha por haver quem passe fome neste país.
Os portugueses devem sentir-se «envergonhados por estarmos no século XXI, Portugal ser uma democracia, ser um país, que apesar de tudo, está num desenvolvimento acima da média. No entanto, alguns de nós sofrem de carência alimentar».
As palavras de Cavaco Silva foram proferidas, esta sexta-feira à noite, no Casino do Estoril, na apresentação de uma campanha que pretende entregar as sobras dos restaurantes às famílias mais carenciadas.
Para Cavaco Silva esta iniciativa destina-se a combater «um dos flagelos que, de modo envergonhado e silencioso, se tem propagado pelos estratos menos favorecidos da sociedade portuguesa: a falta de acesso a uma alimentação condigna».
Sobre esta campanha lançada pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, o Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria e Restauração do Norte classifica a iniciativa de manobra de propaganda.
Francisco Figueiredo, dirigente do sindicato fala de hipocrisia, porque explica há empresas do sector que castigam funcionários que levam para casa as sobras das cantinas."
Unquote

COMENTÁRIO

De facto devemos ter vergonha de haver  fome em Portugal. Mas vergonha maior é haver gente sem vergonha que venha falar dessa vergonha. Pelo menos há uma hierarquização da legitimidade de se falar sobre a fome em Portugal.
Por outras palavras, se Cavaco fala dessa tal vergonha, por maioria de razão o poderão fazer todos os pescadores e lavradores que teimosamente insistem em ir pescar, em plantar, criar, ou semear qualquer
coisa, depois das pescas e da agricultura (é daqui que vem o que mata a fome, salvo erro!) terem sido desmanteladas e destruídas em favor do betão do cimento armado e das importações.

E é por essas e por outras que não voto em Cavaco. (nunca votei aliás)

António Alves Barros Lopes
AFIFE

VEM MESMO A PROPÓSITO ( Ver o Grande Mistificador)

No PÚBLICO de 11 de Dezembro de 2010, na página 17 vem a dizer logo em cima que " O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, criticou ontem, em Cinfães, "os desiquilíbrios do país" causados pelo "centralismo de Lisboa". "Como é possível um país como o nosso ter mais de metade dos dinheiros comunitários entregues a uma cidade?"

VER TAMBÉM EM
http://www.tamegaonline.info/v2/noticia.asp?cod=3691
Cinfães, 10 dez (Lusa) - O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha Nascimento, criticou hoje em Cinfães os “desequilíbrios do país” causados pelo “centralismo de Lisboa.
“Como é possível um país como o nosso ter mais de metade dos dinheiros comunitários entregues a uma cidade?”, questionou Noronha Nascimento na homenagem que o município de Cinfães hoje lhe prestou.
Falando na sessão solene realizada nos paços do concelho, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça lembrou as suas origens familiares em Cinfães para criticar “as disparidades” de Portugal, cujo poder central, acentuou, “sempre se preocupou em criar uma grande capital à escala das grandes cidades europeias, deixando tudo para segundo plano”.
“Com um engodo assim hipotecámos o desenvolvimento equilibrado de um país tão bonito. Com tudo isto, cedo me tornei regionalista indefetível, muito antes sequer de disso se falar”, observou.
Noronha Nascimento lembrou que vive há muitos anos em Lisboa, mas admitiu que sempre preferiu viver no norte do país, “entre o Porto operário e burguês e a Cinfães duriense”.
“As deambulações por este triângulo da vida [Cinfães, Porto e Lisboa], mostraram-me para sempre a disparidade trágica de Portugal, entre regiões ricas e regiões pobres, entre um país macrocéfalo que ainda hoje tem 53 por cento dos fundos comunitários e o resto à deriva e que tem marcado o nosso atraso permanente”, afirmou.
Em declarações à agência Lusa, Noronha Nascimento considerou ainda que os desequilíbrios do país se têm acentuado nas últimas décadas.
“Os anos 90 foram uma catástrofe para o nosso país na distribuição da riqueza, a favor do Vale do Tejo”, acentuou, defendendo a regionalização.
Noronha Nascimento nasceu no Porto, mas as suas origens familiares são de Cinfães, localidade onde frequentou a escolar primária. Hoje foi agraciado por este município com a medalha dourada, o mais galardão do concelho.
O presidente da Câmara, Pereira Pinto, disse ser “uma enorme honra” para o concelho de Cinfães ter um filho da terra num lugar de tanto destaque na democracia portuguesa, justificando assim a atribuição da medalha, decidia por unanimidade na câmara e na assembleia municipal."

Unquote

COMENTÁRIO

Só deu por ela agora Sr. Noronha do Nascimento?
Vá lá que reconhece pelo menos que "Os anos 90 foram uma catástrofe para o nosso país na distribuição da riqueza, a favor do Vale do Tejo”, acentuou, defendendo a regionalização."
- E não veio mesmo nada já dos anos 80?
É dar uma vista de olhos também á edição do PÚBLICO de 10 de Dezembro de 2010, página 4 do P2 se expressa que Aníbal Cavaco Silva "Durante dez anos moldou as bases de Portugal de hoje".
Ou seja, a coisa começou aí por volta de 1985!


Eis porque não voto em Cavaco. (nunca votei aliás!)


António Alves Barros Lopes
Afife

O GRANDE MISTIFICADOR

Eis aqui um texto publicado na A AURORA DO LIMA em 13 de Janeiro de 2006 que serve para chegar lá.

O Grande Mistificador.

Não! Não se trata de uma qualquer obra de Dali. Se o fosse, no surreal, seria uma obra de arte. Mas como tudo se passa no real é apenas tosco. Uma coisa mais no estilo Pedro Macau.
Isto a propósito, embora assim não pareça, de três notícias vindas a público nestes últimos dias.
- Que a população portuguesa se concentra cada vez mais no litoral do país.
- Que, devido ao despovoamento, a desertificação ameaça já um terço do território nacional.
- Que o mundo rural vai receber, da União Europeia,  7 980 milhões de Euros (mil e    seiscentos    milhões de contos!) entre 2007 e 2013, para financiamento de programas de    desenvolvimento    rural e da agricultura propriamente dita.
Ora o descalabro do Ordenamento do nosso País não é de agora nem é coisa que não tivesse sido prevista e para o qual não tivessem alertado observadores e especialistas aquando da nossa adesão à CEE. Mesmo antes e durante. Basta-me citar o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles para nele personalizar todos aqueles que sempre se manifestaram para a necessidade de enquadrar os favores desta nova era, em grandes objectivos nacionais.
Mas aquando da organização territorial e para “sacar” os dinheiros da CEE – ditos fundos estruturais e de coesão – prevaleceu o velho conceito de que Portugal é Lisboa e o Resto Paisagem.
Os fundos comunitários destinavam-se a puxar pelas regiões mais atrasadas e conseguir a coesão entre todo o território. E no acesso a esse auxílio financeiro o principal critério para se considerar uma região habilitada ao objectivo n.º1 dos fundos estruturais era de que essa região não tivesse atingido o tecto de 75% da média europeia medida em termos do Produto Interno Bruto per capita.
Assim sendo a única região do país que à data já tinha atingido esse patamar era precisamente a região da Grande Lisboa o que, por si só, a deixava já de fora dos apoios referentes a esse objectivo nº.1. Lembremo-nos que estamos a falar de 1985/1986 data da nossa entrada na CEE e lembremo-nos de qual o ciclo político que se iniciou nessa mesma data.
Já então e no dia 2 de Janeiro de 1986, o DIÁRIO DE LISBOA dizia em letras garrafais: 
“CEE: ACTO DE FÉ – O barco já está a andar, falta saber para onde” 
De facto era tudo uma questão de rumo. Tínhamos timoneiro ( dizia-se!) Os fundos da CEE iriam entrar ás “pazadas” e a estabilidade política foi garantida a partir daí, com duas maiorias absolutas consecutivas.
-Então o que é que correu mal?
Voltemos a Lisboa. Dado que a região por si só já não justificava o acesso aos tais fundos de coesão os nossos exemplares estrategos tiveram uma ideia genial. Resolveram criar a Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT) compreendendo o Distrito de Lisboa, o Distrito de Santarém quase todo, cerca de metade do distrito de Setúbal e cerca de um terço do Distrito de Leiria.
– Sabem porquê?
- Porque como os índices dessas regiões eram de tal forma abaixo dos tais 75%,   fizeram    baixar o da novel região na sua globalidade permitindo a Lisboa ter acesso a fundos que não teria    se considerada isolada. Ou seja meteram Lisboa com o seu avanço no mesmo saco dos    Concelhos periféricos mais carenciados. Digam lá se não foi brilhante a ideia.
– Sabem o que aconteceu??
- Nos anos subsequentes Lisboa acabou por beneficiar de um caudal de investimentos – num    escalão ao qual não deveria ter acesso -  ainda por cima canalizados de uma forma    desproporcional e em  detrimento das restantes sub-regiões.   - Sabem o que aconteceu?
- A Grande Lisboa andou de tal forma para a frente que aí o  índice do PIB per capita se afastou    dos  tais 75% e pesou de tal maneira no conjunto que o próprio índice global da RLVT subiu    acima  desses mesmos 75%. E se tudo ficasse na mesma, a Região  já não teria acesso aos tais    fundos do 1º Objectivo, nos novos quadros comunitários de apoio.  O que deixaria de fora as    sub-regiões   periféricas discriminadas e que foram ficando para trás.
– Sabem o que aconteceu???
- Os tais estrategos, em 2002, extinguiram a Região de Lisboa e Vale do Tejo e os municípios    inicialmente integrantes nesta, foram distribuídos pela Região Centro e o Alentejo, para que, os    Concelhos que dentro da tal RLVT serviram de capacho ao desenvolvimento Lisboeta,    continuassem a receber os tais apoios ao nível do 1º Objectivo.
Digam lá que não foi brilhante. Esperteza saloia elevada à condição de Estratégia de Estado diria eu! Mas tais cabeças iluminadas ainda hoje se consideram os maiores.
Alarmam-se agora com todos os desequilíbrios estruturais de que Portugal sofre como se não houvesse responsáveis. Os tais fundos de coesão foram utilizados precisa e deliberadamente em sentido contrário.  
Isto tudo a propósito da candidatura Cavaco Silva à Presidência da República em cuja campanha   este, por vezes diversas, se tem  enfadado com o avivar das memórias argumentando que o que interessa é a acção futura. Ora  ao contrário daquilo que pretende, o passado conta pois quando nos apresentamos a um cargo pedem-nos o currículo.
E o que é que Cavaco deixou depois de duas maiorias absolutas?
Um país deliberadamente desequilibrado ( repito, deliberadamente desequilibrado) em   resultado das medidas estruturais irreversíveis tomadas precisamente a partir de 1986, quando os fundos de coesão ( coesão linda palavra) entravam a rodos e quando,  precisamente, teria   sido possível conduzir os investimentos no sentido de equilibrar o País como um todo.  Mas, ao   contrário, os fundos de coesão foram utilizados para aumentar as assimetrias. O resultado está à vista.
- Quem era o timoneiro???
- Que ideia tinha do País???
- O que é que mudou de lá para cá.???
O Exmo. Sr. Prof. Aníbal Cavaco Silva já há dez anos se distanciou dos partidos ( pelo menos do seu/dele abandonando-o à derrota eleitoral depois de duas maiorias absolutas) e concorreu, com todo o seu curriculum político, à presidência da República julgando que era trigo limpo. Perdeu!
A prova de que o que o movia (move) não era (é) uma ideia para Portugal, mas apenas a necessidade pessoal de colocar a cereja em cima do bolo de uma carreira política que julga brilhante,  foi o facto de cinco anos passados não se ter recandidatado. Sabia que era para perder. Mandou para a fogueira o Ferreira do Amaral que lhe fez o frete.
Afinal, passados dez anos, o que é que mudou para, desta vez, votarmos em Cavaco? -  Nada!
A não ser a visão concreta do ponto de chegada do tal destino que, em 1986, para o DIÀRIO DE LISBOA ( e não só) era desconhecido.
 A não ser a certeza de que o que sobrou; do regabofe,  das vacas gordas, do oásis, das enxurradas dos dinheiros da CEE, dos tempos gloriosos do Cavaquismo, foi um país vergado pelo peso do betão e cimento armado, das ICs, das IPs, das Vias de cintura internas, intermédias e  externas, a resvalar para o Atlântico, com um terço do território a ficar desertificado e o resto à deriva.
Numa das suas intervenções televisivas Cavaco invocou, em seu abono, Jacques Delors.
É pena que de facto Jaques Delors não esteja presente para se aperceber o que é que se fez com o dinheirinho que disponibilizou a Portugal. Esse senhor veio a Portugal em Outubro de 1988 dar um recado exigindo equilíbrio entre o mundo rural e o Urbano. – Sabem a quem?
Precisamente ao primeiro ministro Cavaco Silva.
– Sabem o que, à data, a propagando cavaquista espalhava aos quatros ventos?  
- “Não faltará apoio para desenvolver as regiões” (sic).
E que no imediato só para no plano integrado do desenvolvimento do Norte do Alentejo os custos ultrapassariam os 24 milhões de contos. Voltando ao início deste texto é caso para perguntar qual foi o destino das verbas disponibilizadas pelo amigo Delors. Essas e as outras.
Um dia será feita a história da oportunidade perdida como o foram os tempos da pimenta da Índia, do ouro do Brasil, da exploração colonial e/ou das remessas dos emigrantes.
Até lá, saudações democráticas e se vislumbrarem razões para tal, votem em Cavaco!
Pela minha parte e não sei bem porquê, (vejam lá!) a única coisa que me vem à ideia é aquele velho aforismo Espanhol ( no mínimo Castelhano).

- Era um tipo tão pequeno, tão pequeno, que não lhe cabia a menor dúvida!

António Alves Barros Lopes
Afife – Janeiro de 2006

Qualquer semelhança com os dias de hoje não é coincidência