sábado, 29 de janeiro de 2011

O MISTÉRIO DOS JUROS por Manuel António Pina

Li no JN de Quinta, 27 de janeiro de 2011 esta curiosa crónica de Manuel António Pina.

"O  MISTÉRIO  DOS  JUROS
É sabido que Cavaco Silva nunca se engana e raramente tem dúvidas. Por isso não se enganou decerto quando anunciou aos portugueses ( e também decerto sem ter qualquer dúvida sobre isso) que, se houvesse segunda volta nas eleições presidenciais, uma apocalíptica "subida das taxas de Juro" iria desabar sobre "empresas e famíllias".
É certo que Cavaco não disse preto no branco que, não havendo segunda volta os juros se manteriam ou desceriam. Mas deu-o a entender (preto no branco) e como qualquer pessoa tem de nascer duas vezes para ser tão sério quanto Cavaco, Cavaco não o daria a entender se não fosse verdade. Por isso e para lhe agradecerem o aviso, é que "empresas e famílias" o elegeram no Domingo numa absolutissima maioria de 23% do total de eleitores.
Daí que agora não compreendam como é que, três dias depois de, como Cavaco pediu, o terem eleito à primeira volta, os juros da dívida pública continuem a ir olimpicamente por aí acima, "cítius, altius. fortius", tendo ontem chegado, no mercado secundário, à bonita taxa de 7,119%.
Talvez Cavaco se tenha esquecido de dizer aos mercados que podem regressar aos quarteis porque não haverá segunda volta. Ou talvez ande ocupado a tentar saber os "nomes daqueles que estão por detráz" da "campanha de calúnias e insinuações" contra si e ainda não tenha tido tempo de telefonar aos mercados.
Mas que urge que Cavaco faça alguma coisa , urge."  
FIM DO TEXTO

Mas Manuel António Pina, talvez na preocupação de ironizar, acabou por não entender porque raio é que os mercados continuaram a subir as taxas de juro mesmo ganhando Cavaco logo na primeira volta
É que não sabendo, os tais mercados, como é que por cá se contam os votos, ao fazerem a contabilidade dos brancos e nulos chegaram á conclusão que isso teria forçado essa mesma segunda volta. Ou que por haver uma abstenção de mais de 50% as eleições seriam repetidas. Desconhecendo as nuances do nosso sistema eleitoral, partiram de princípios errados, e continuaram a subir às taxas de juro.

É então aqui que de facto necessitamos da intervenção do nosso Presidente. Telefone, mande um fax, um Mail, um cabograma, já, aos mercados e de cima dos seus conhecimentos sobre alta finança e macro economia, esclareça-os no sentido de aliviarem a carga dos juros da nossa dívida.

Ou seja há propaganda e aproveitamentos eleitorais que, como o caso dos injustiçados funcionários públicos ou dos abandonados da Linha da Lousã, ou as acusações ás falsas promessas, não passam de desonestidades.
Desonestidades intelectuais. Desonestidades políticas!

E é por estas e por outras que não votei em Cavaco!

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