sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Francisco Seixas da Costa

A última bala
 
Publicada no JN de 13.11.2015 do qual tomo a liberdade de transcrever.                               



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"O país aguarda o que o chefe do Estado irá dizer, na sequência da queda do Governo minoritário PSD/CDS. Há algo de ironicamente trágico na situação de Cavaco Silva: a mais importante decisão que teve de tomar durante o seu mandato surge quando já não dispõe de poder de dissolução do Parlamento.
O presidente está na incómoda situação daquela figura que, nos filmes, só tem uma bala para se defender. Não pode falhar o tiro, tanto mais que o ciclo político lhe não dará mais nenhuma oportunidade para retificar o que agora vier a fazer. Cavaco Silva já percebeu que, quer ele goste quer não, a principal marca que deixará na vida política portuguesa será a que vai decorrer dos efeitos da decisão que vier a assumir nesta conjuntura.
De Cavaco Silva se dizia que, com orgulho, afirmava ser alguém que "não tem dúvidas e raramente se engana". Talvez nesta linha, e para que o país disso ficasse bem ciente, vimo-lo anunciar, que tinha "todos os cenários estudados". Ainda bem! Isso legitima que possamos esperar, não apenas uma rápida resolução da crise, mas igualmente uma sábia saída, em particular bem ponderada nos seus efeitos, para o impasse entretanto criado.
Recordo que, perante o resultado eleitoral, o presidente reagiu com estranho destempero, como se estivesse a passar um raspanete a quem "não votou bem". O discurso, lido como uma provocação à Esquerda, favoreceu o raro caldo comum de cultura de diálogo que germinava no seio desta. Duvido que fosse este o efeito pretendido pelo presidente que, com algum irrealismo e até deselegância, pareceu procurar potenciar divisões no seio dos socialistas. Corrigiu a atitude na tomada de posse do breve Governo, esperando-se agora que não recue nessa postura menos dramatizada, mais consonante com a responsabilidade de alguém que deve saber que qualquer palavra sua é escrutinada com atenção na ordem externa.
É que o país vive um tempo em que a fragilidade da sua situação económica está ainda muito dependente do humor dos mercados. Não devem ser estes a determinar as decisões de escolha do exercício democrático, mas é obrigação patriótica mínima dos atores políticos tentar evitar que a guerrilha interna fique ao serviço de uma imagem de instabilidade, que acabe por afetar os interesses externos de Portugal. Se aos partidos é legítimo pedir que tenham isso em atenção, para o chefe do Estado essa é uma exigência básica.
A situação atual, para Aníbal Cavaco Silva, deve assemelhar-se a um beco. Mas só se pode sair de um beco recuando. Ir em frente significa ir contra a parede. Concedo que o leque das opções que o presidente tem perante si não é brilhante. Escolher entre o menor dos males não deve ser estimulante. Mas é o que tem de saber fazer. O país aguarda."
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Ainda assim Francisco Seixas da Costa deixou de fora uma citação importante daquele que  "não tem dúvidas e raramente se engana" e que tem todos os cenários estudados.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por exemplo:
 
Cavaco Silva diz que próximo Governo tem de ter apoio maioritário no parlamento
08 Nov, 2014 .
 
 
O Presidente defende o estabelecimento de pontes de diálogo entre os partidos e sublinha o facto de Portugal ser um caso quase único na Europa por ter um Governo de coligação e compromissos políticos.

O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou, em entrevista ao “Expresso”, que o próximo Governo terá de ter um apoio maioritário no parlamento, voltando a apelar à redução da crispação partidária para que possam ser possíveis entendimentos pós-eleitorais.

“O próximo Governo, seja qual for a sua composição, não pode deixar de ter o apoio maioritário da Assembleia mas, além disso, tem de assegurar uma solução governativa coerente e consistente. Tem de dar uma garantia: de governabilidade e de estabilidade política”, disse, sublinhando que tal não é apenas a sua preferência mas “algo decisivo para o país”.

Na entrevista ao semanário “Expresso”, o chefe de Estado voltou a lamentar que em Portugal exista “uma grande resistência” das forças partidárias ao estabelecimento de compromissos políticos, apontando o país como “um caso quase único na Europa”.

“É preciso criar uma atmosfera que, vindo da base, chegue até às estruturas partidárias e seus dirigentes, em que as pessoas lhes façam sentir que o país perde muito se não existir uma cultura de compromisso”, referiu.

Cavaco Silva afirmou que o país deve estar preparado para, no futuro, ter “negociações longas entre as forças políticas, quando for necessário fazer uma coligação de Governo”.

“E isto é positivo e não negativo, contrariamente ao que se diz”, acrescentou.

O Presidente da República apontou os debates quinzenais no parlamento como um exemplo da “expressão da crispação, da agressividade e até da má educação”, dizendo que, quando era primeiro-ministro, os seus diálogos com os líderes da oposição eram “civilizadíssimos e cordiais”, mesmo com o líder do PCP.

“Se não houver contenção da crispação, se não acabarem os insultos nos debates, o diálogo pós-eleitoral pode ser quase impossível”, alertou.

Pontes de diálogo
Destacando que existe uma nova liderança do PS, referindo-se a António Costa, Cavaco Silva considerou da maior importância “restabelecer pontes de diálogo” e apontou até áreas sectoriais em que considera poder haver entendimentos: questões europeias, fundos estruturais, descentralização de competências para as autarquias, a reforma fiscal ou até a saúde.

Cavaco Silva alertou ainda para a importância de um consenso à volta de temas com repercussão no exterior como a dívida pública, o endividamento externo ou o respeito pelos compromissos assumidos internacionalmente.

“É fundamental que, no exterior, se pense que, com este ou outro Governo, os políticos portugueses aceitam que é preciso manter estas orientações”, disse, referindo como “um sinal positivo” o recente posicionamento do PS no debate sobre a dívida pública, no qual os socialistas não assumiram a defesa da sua reestruturação ou renegociação.

“Penso que alguma boa informação de Bruxelas deve ter chegado a algumas pessoas que tinham dito coisas contrárias àquelas que o bom senso aconselhava e que o PS, na sua declaração, acolheu”, salientou.

Questionado pelo “Expresso” se poderá patrocinar algum tipo de entendimento entre os partidos, Cavaco Silva considerou que, neste momento, “não é preciso um documento escrito” e que o papel do Presidente passa por não acicatar os conflitos e estimular os partidos ao diálogo.

Recusando fazer apreciações sobre o candidato único a secretário-geral do PS, Cavaco Silva disse apenas: “[O PS] é um partido responsável e também considero responsável o seu líder”.
Ver em http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=168125

e

 
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, defendeu hoje que nas próximas eleições legislativas Portugal precisa de um Governo com apoio maioritário na Assembleia da República, de forma a fazer cumprir as regras comunitárias.
"Depois de Portugal ter ficado sujeito a um programa de ajustamento que impôs pesados sacrifícios aos portugueses, precisamos de um Governo que tenha apoio maioritário na Assembleia da República, de forma a cumprir as regras comunitárias, no que diz respeito ao controlo do défice orçamental, sustentabilidade da dívida pública e também no que diz respeito às reformas necessárias para a competitividade da economia portuguesa", alegou
Ver em http://www.sabado.pt/portugal/politica/detalhe/cavaco_silva_defende_um_governo_com_apoio_da_maioria_no_parlamento.HTML

Ora este texto  A ÚLTIMA BALA de Francisco Seixas da Costa, faz-me lembrar a Bala Perdida de Miguel Esteves Mejia e António Aguilar



NÃO É QUE NÃO TE QUEIRA
SE JÁ NÃO TE SIGA BEIJANDO.

Bala perdida Bala perdida!

Foi o tiro que demos quando elegemos Cavaco a presidente

lopesdareosa

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